terça-feira, 13 de julho de 2010

QUATRO ESTÁGIOS IMPORTANTES - 2ª Etapa


PASSANDO POR BETEL


Depois de começar nossa caminhada em Gilgal, na postagem anterior e, como vimos, submetendo e julgando a carne, temos que avançar até Betel.

Em Gênesis 12.7-9. vamos aprender que Betel era o lugar onde Abraão edificou um altar. E um altar tem o propósito de estabelecer comunicação com Deus quando a pessoa oferece sacrifícios e entrega-se a Ele por inteiro.

Se observarmos no mesmo capítulo, a partir do versículo 9 até o 14, e seguirmos adiante, vamos encontrar a descida de Abraão para o Egito e perceberemos que nesse trajeto ele não edificou nenhum altar.

Podemos notar também que desse ponto em diante, a comunicação do patriarca com Deus ficou como que interrompida e o seu coração antes tão consagrado ao Senhor, agora estava tomado de medo e falta de confiança.

Isso nos leva a entender que há uma clara diferença entre Betel e o Egito. Enquanto em Betel, Abraão erguia um altar e prestava adoração a Deus, no Egito era invadido por medo, mentia, enganava e atraía maldição sobre a vida das pessoas. Contudo, em Gênesis 13.3,4, verifica-se que o mesmo Abraão que havia perdido a comunhão com Deus no Egito, agora voltara para o lugar original, em Betel e invocou o nome do Senhor.

Somente na Betel espiritual as pessoas terão comunhão com Deus e se renderão a Ele. Assim, como Gilgal fala de vencermos a carne, Betel fala sobre vencermos o mundo. Devemos nos lembrar que nas Escrituras, o Egito lembra o mundo.

Vencer o mundo é uma condição para o arrebatamento e para receber o poder do Espírito Santo. No Oriente também não existe altar, ou seja, não há comunhão com Deus.

Para que os israelitas pudessem servir a Deus de verdade, logo após sua libertação do jugo de faraó, era preciso que partissem do Egito e viajassem durante três dias:

Ex 8.25-27 – “Então o faraó mandou chamar Moisés e Arão e disse:”Vão oferecer sacrifícios ao seu Deus, mas não saiam do país”. “Isso não seria sensato”, respondeu Moisés; “os sacrifícios que oferecemos ao Senhor, o nosso Deus, são um sacrilégio para os egípcios. Se oferecermos sacrifícios que lhes pareçam sacrilégio, isso não os levará a nos apedrejar? Faremos três dias de viagem no deserto, e ofereceremos sacrifícios ao Senhor, o nosso Deus, como ele nos ordena.”

Seria sacrilégio para os egípcios porque alguns dos animais que seriam sacrificados pelos israelitas eram considerados sagrados para o povo do Egito. Mesmo o Senhor não tendo determinado ainda como seriam os sacrifícios, especificamente, Moisés sabia que não poderia transigir com relação àquilo que Deus determinasse. E isso nos deixa duas preciosas lições:

1º. O mundo não pode entender a razão pela qual não seguimos suas regras e condenamos pela Palavra, suas práticas – ele não tem o Espírito Santo

Jo 14.16,17 – “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.”

Nossa vida deve chegar ao ponto de o mundo ser incapaz de afetar nosso coração. De certa forma era isso que o Senhor Jesus queria nos ensinar quando disse:

Jo 16.33 – “ Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.”

Muitas vezes aplicamos essa palavra apenas no sentido de confortar a nós mesmos ou aos outros quanto às tribulações que passamos no mundo. Porém, podemos achar um outro sentido nessa afirmação do Senhor: “Escutem vocês serão odiados e perseguidos porque não compactuam com as coisas do mundo, mas não desistam, olhem para mim: eu venci o mundo”.

Isso não é diferente daquilo que Jesus expressou em sua oração sacerdotal :

Jo 17.11,14: “Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um (...) Dei-lhes a tua palavra e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou.”

O apóstolo Paulo nos adverte:

2 Tm 3.12: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.”

João escreve em sua 1ª Epístola Universal, capítulo 2, vv 15-17, uma recomendação que esclarece ainda mais as palavras de Jesus: “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”

O quanto o mundo tem nos afetado? Será que ainda mantemos desejos secretos pelas coisas do mundo?

Será que ainda buscamos o louvor dos homens? Ou será que nos permitimos sofrer pelas calúnias dos homens?

Será que o que sentimos e pensamos tem alguma diferença do que sentem e pensam as pessoas do mundo?

Não podemos esquecer o ensino que o Senhor deixou para seus discípulos durante o sermão da montanha, que está registrado em Mt 5.20: “Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus”.

Se o nosso coração não vencer completamente o mundo, e, se as pessoas, coisas ou os acontecimentos deste mundo ainda ocuparem lugar dentro de nós, não seremos capazes de atingir nosso objetivo.

Precisamos ser vigilantes e fiéis. Se não formos cautelosos, voltaremos ao Egito, ainda o que é pior ficar tentados a fixar residência lá. Devemos lembrar que não podemos amar e nem ficar no Egito pois lá não tem altar, logo não há comunhão, nem adoração.

Há alguns que não vão para o Egito mas fazem como Abraão. Primeiro ele rumou para o Oriente, que era na direção do Egito. E isso significa como pertencer a metade ao mundo e metade a Deus.

2º. Não podemos, em nome de manter a paz com o mundo e seu sistema corrompido, transigir, isto é, mudar aquilo que o Senhor determinou para nós. Seus princípios são inegociáveis.

Ml 3.6a – “Porque eu, o Senhor, não mudo;”

Tg 1.17 – “Toda voa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não mudança, nem sombra de variação.”

No Egito eles poderiam realizar a Páscoa, pois Deus os havia libertado do castigo do pecado que era a morte. Entretanto, para que estivessem sob o nome do Senhor e O adorassem da forma devida, precisavam abandonar o Egito.

Se queremos adorar a Deus em espírito e em verdade, se queremos agradá-Lo, precisamos abandonar tudo o que diz respeito ao Egito.

(Continua na próxima postagem)



domingo, 11 de julho de 2010

QUATRO ESTÁGIOS IMPORTANTES - 1ª Etapa


No texto que está em 2 Rs 2.1-14, que orienta esta série de quatro reflexões, encontramos estágios de uma jornada que partia de Gilgal, rumava para Betel, Jericó e, finalmente, cruzava o rio Jordão.
Naquele tempo, Elias estava para ser levado ao céu e Eliseu estava prestes a receber porção dobrada do Espírito Santo e esses dois homens, viajavam por um caminho que ligava esses quatro locais: Gilgal, Betel, Jericó e o Jordão.
Os aspectos físicos e geográficos desses locais podem nos ensinar uma lição muito importante: se quisermos ser levados ao céu como Elias ou receber o Espírito Santo como Eliseu, teremos que percorrer esses quatro lugares, que representam quatro estágios da vida.

I- COMEÇANDO POR GILGAL

Gilgal é o nosso ponto de partida. Se queremos interpretar de forma correta o sentido de Gilgal em nossa vida, precisamos primeiro compreender onde surge esse lugar nas Escrituras. Observemos o texto que está em Js 5.2-9.
No versículo 9, descobrimos que o nome Gilgal significa “removido”. A geração dos filhos de Israel que havia saído do Egito foi toda circuncidada, mas aqueles que nasceram depois, no deserto, não havia passado pelo rito da circuncisão.
É importante lembrar que, conforme o relato de Gênesis 17, Deus fez uma aliança com Abrão e troca seu nome para Abraão. Nos vv. 9-14 daquele capítulo, vemos o Senhor Deus estabelecendo o rito da circuncisão para todo menino nascido na casa de Abraão ou comprado, como sinal da aliança entre Ele, Abraão e seus descendentes.
Agora, tornando ao texto do livro de Josué, quando aquela geração estava entrando em Canaã, a terra prometida, a velha carne deveria ser removida.
Isto significa, que tudo o que restava de herança espiritual do Egito deveria ser jogado fora ou ser removido, para que os filhos de Israel pudessem ter a chance de desfrutar uma nova vida.. Em Cl 2.11, a Palavra nos revela que o significado da circuncisão é “despojamento do corpo da carne”.
“Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas com a circuncisão feita por Cristo, que é o despojar do corpo da carne.”
Muitas pessoas supõem que a vitória sobre o pecado é a marca da perfeição, mas não sabem que é a carne quem peca. Assim, Gilgal em nossa vida, representa tratar com a carne, significa remover aquilo que provém da carne.
De acordo com as Escrituras, a carne é condenada por Deus. E é importante entender que não estamos falando do corpo físico, mas da natureza carnal que temos.
Essa é a nossa natureza ao nascer. E foi exatamente isso que Jesus quis dizer ao afirmar para Nicodemos: “O que é nascido da carne é carne” (Jo 3.6).
Tudo o que temos ao nascer, provém da carne, e isso não inclui apenas pecado, imundície e corrupção. Mas também encontramos nos seres humanos bondade, habilidades, zelo, sabedoria e poder naturais. E é exatamente aí que reside o problema: somos tentados a confiar em nossos sentimentos, nossas habilidades, nossa sabedoria e poder naturais e isso torna-se o grande empecilho para nosso progresso na vida e na obra do Senhor.
“Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realiza-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.” (Rm 7.18,19)
“Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode faze-lo. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus.” (Rm 8. 5-8)

A convocação de Deus para nós é negar a própria carne. E isto significa não abrir mão apenas de nossos pecados , mas de nossas habilidades, de nosso zelo, sabedoria e poder humanos para viver segundo os dons, a sabedoria, a bondade, o amor e o poder do Senhor.
Pelo critério divino, precisamos negar, fazer morrer e permitir que passe pelo julgamento tudo o que consideramos bom de acordo com a carne e tudo o que planejamos e organizamos pela carne. Deus não precisa, não quer e não valoriza a ajuda da carne, nem na vida nem na obra espirituais.
No tempo de Josué, Gilgal, que foi o primeiro acampamento do povo de Israel, era exatamente o lugar onde a carne foi despojada e julgada.
Para nós, Gilgal simboliza o primeiro passo para uma vida espiritual produtiva e que conduz ao céu. O lugar onde devemos julgar e mortificar a carne por meio do entendimento que o Senhor nos concede. Logo precisamos ser circuncidados no coração. E que circuncisão é esta feita no coração? Podemos encontrar essa resposta em Gl 5.16: "Andai no Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne."
Quem nunca partiu de Gilgal, nunca deu um início real à jornada espiritual.
Esses podem ser zelosos nas boas obras, podem construir grandes templos, podem até sentir alegria por terem executado tais realizações, mas não compreendem a verdadeira vida espiritual. Geralmente, ou falta-lhes uma real conversão ou são soberbos, prepotentes, acreditam-se mais espirituais que os outros e vivem criticando as pessoas a sua volta. Acreditam que o Evangelho resume-se àquilo que conhecem.
Na próxima postagem partiremos para Betel, a segunda etapa dessa jornada.