PASSANDO POR BETEL
Depois de começar nossa caminhada em Gilgal, na postagem anterior e, como vimos, submetendo e julgando a carne, temos que avançar até Betel.
Em Gênesis 12.7-9. vamos aprender que Betel era o lugar onde Abraão edificou um altar. E um altar tem o propósito de estabelecer comunicação com Deus quando a pessoa oferece sacrifícios e entrega-se a Ele por inteiro.
Se observarmos no mesmo capítulo, a partir do versículo 9 até o 14, e seguirmos adiante, vamos encontrar a descida de Abraão para o Egito e perceberemos que nesse trajeto ele não edificou nenhum altar.
Podemos notar também que desse ponto em diante, a comunicação do patriarca com Deus ficou como que interrompida e o seu coração antes tão consagrado ao Senhor, agora estava tomado de medo e falta de confiança.
Isso nos leva a entender que há uma clara diferença entre Betel e o Egito. Enquanto em Betel, Abraão erguia um altar e prestava adoração a Deus, no Egito era invadido por medo, mentia, enganava e atraía maldição sobre a vida das pessoas. Contudo, em Gênesis 13.3,4, verifica-se que o mesmo Abraão que havia perdido a comunhão com Deus no Egito, agora voltara para o lugar original, em Betel e invocou o nome do Senhor.
Somente na Betel espiritual as pessoas terão comunhão com Deus e se renderão a Ele. Assim, como Gilgal fala de vencermos a carne, Betel fala sobre vencermos o mundo. Devemos nos lembrar que nas Escrituras, o Egito lembra o mundo.
Vencer o mundo é uma condição para o arrebatamento e para receber o poder do Espírito Santo. No Oriente também não existe altar, ou seja, não há comunhão com Deus.
Para que os israelitas pudessem servir a Deus de verdade, logo após sua libertação do jugo de faraó, era preciso que partissem do Egito e viajassem durante três dias:
Ex 8.25-27 – “Então o faraó mandou chamar Moisés e Arão e disse:”Vão oferecer sacrifícios ao seu Deus, mas não saiam do país”. “Isso não seria sensato”, respondeu Moisés; “os sacrifícios que oferecemos ao Senhor, o nosso Deus, são um sacrilégio para os egípcios. Se oferecermos sacrifícios que lhes pareçam sacrilégio, isso não os levará a nos apedrejar? Faremos três dias de viagem no deserto, e ofereceremos sacrifícios ao Senhor, o nosso Deus, como ele nos ordena.”
Seria sacrilégio para os egípcios porque alguns dos animais que seriam sacrificados pelos israelitas eram considerados sagrados para o povo do Egito. Mesmo o Senhor não tendo determinado ainda como seriam os sacrifícios, especificamente, Moisés sabia que não poderia transigir com relação àquilo que Deus determinasse. E isso nos deixa duas preciosas lições:
1º. O mundo não pode entender a razão pela qual não seguimos suas regras e condenamos pela Palavra, suas práticas – ele não tem o Espírito Santo
Jo 14.16,17 – “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.”
Nossa vida deve chegar ao ponto de o mundo ser incapaz de afetar nosso coração. De certa forma era isso que o Senhor Jesus queria nos ensinar quando disse:
Jo 16.33 – “ Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.”
Muitas vezes aplicamos essa palavra apenas no sentido de confortar a nós mesmos ou aos outros quanto às tribulações que passamos no mundo. Porém, podemos achar um outro sentido nessa afirmação do Senhor: “Escutem vocês serão odiados e perseguidos porque não compactuam com as coisas do mundo, mas não desistam, olhem para mim: eu venci o mundo”.
Isso não é diferente daquilo que Jesus expressou em sua oração sacerdotal :
Jo 17.11,14: “Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um (...) Dei-lhes a tua palavra e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou.”
O apóstolo Paulo nos adverte:
2 Tm 3.12: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.”
João escreve em sua 1ª Epístola Universal, capítulo 2, vv 15-17, uma recomendação que esclarece ainda mais as palavras de Jesus: “Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”
O quanto o mundo tem nos afetado? Será que ainda mantemos desejos secretos pelas coisas do mundo?
Será que ainda buscamos o louvor dos homens? Ou será que nos permitimos sofrer pelas calúnias dos homens?
Será que o que sentimos e pensamos tem alguma diferença do que sentem e pensam as pessoas do mundo?
Não podemos esquecer o ensino que o Senhor deixou para seus discípulos durante o sermão da montanha, que está registrado em Mt 5.20: “Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus”.
Se o nosso coração não vencer completamente o mundo, e, se as pessoas, coisas ou os acontecimentos deste mundo ainda ocuparem lugar dentro de nós, não seremos capazes de atingir nosso objetivo.
Precisamos ser vigilantes e fiéis. Se não formos cautelosos, voltaremos ao Egito, ainda o que é pior ficar tentados a fixar residência lá. Devemos lembrar que não podemos amar e nem ficar no Egito pois lá não tem altar, logo não há comunhão, nem adoração.
Há alguns que não vão para o Egito mas fazem como Abraão. Primeiro ele rumou para o Oriente, que era na direção do Egito. E isso significa como pertencer a metade ao mundo e metade a Deus.
2º. Não podemos, em nome de manter a paz com o mundo e seu sistema corrompido, transigir, isto é, mudar aquilo que o Senhor determinou para nós. Seus princípios são inegociáveis.
Ml 3.6a – “Porque eu, o Senhor, não mudo;”
Tg 1.17 – “Toda voa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não mudança, nem sombra de variação.”
No Egito eles poderiam realizar a Páscoa, pois Deus os havia libertado do castigo do pecado que era a morte. Entretanto, para que estivessem sob o nome do Senhor e O adorassem da forma devida, precisavam abandonar o Egito.
Se queremos adorar a Deus em espírito e em verdade, se queremos agradá-Lo, precisamos abandonar tudo o que diz respeito ao Egito.
(Continua na próxima postagem)