quarta-feira, 2 de junho de 2010

Patmos: lugar de glória e exílio


É interessante como as pessoas ficam admiradas e até mesmo assustadas quando se aproximam do livro do Apocalipse.
Isso acontece porque além de ser um livro de difícil interpretação, provoca muito medo naqueles que desconhecem os projetos de Deus para sua igreja. E esse desconhecimento ocorre, principalmente, por dois motivos: o primeiro, no caso das pessoas que ainda não conhecem Jesus, não sabem ou não creram no que a Bíblia diz sobre o futuro; o segundo caso, é o daqueles que freqüentam a igreja, se dizem crentes, andam até com a Bíblia debaixo do braço, mas não conhecem a Jesus, não têm intimidade com Ele. Preferem estar como Marta, ocupados com muitos afazeres, que muitas vezes, nem são atividades da igreja, do que estar sentados aos pés do Senhor, aprendendo com Ele, gozando de sua presença, adorando aos seus pés.
Mas o amor do Senhor é tão profundo, tão maravilhoso, que nos arranca do meio de nosso mundinho, nos arrebata da nossa vidinha e nos leva para uma ilha, um lugar de refúgio, uma caverna, onde possa falar conosco. Mesmo aqueles que têm buscado, que têm procurado a presença dele, passam por esse processo, para serem transformados e renovados por seu Espírito. Nós não estamos aqui em vão.
Assim, somos convidados a nos transportarmos, pela imaginação, para a ilha de Patmos, lá onde João recebeu a maior e mais terrível revelação que podemos encontrar na Bíblia.
Patmos é uma pequena ilha de 36,4 Km², que hoje pertence a Grécia, no meio do Mar Egeu. A ilha é dividida em duas partes quase iguais, ligadas por uma estreita faixa de terra, tem pouca vegetação e o relevo é pedregoso, com montes baixos, de no máximo 269 m.
Quando João foi levado para Patmos, já havia passado mais de meio século, desde que a igreja havia sido organizada. E durante esse tempo, os inimigos da mensagem do Evangelho, nunca afrouxaram a perseguição contra os crentes.
Mesmo sendo vítima dessas perseguições, mesmo tendo visto a destruição de Jerusalém e a ruína do templo, João sempre foi uma testemunha fiel do Senhor Jesus, animando seus irmãos a prosseguirem na fé. Os príncipes dos judeus sabiam que enquanto sua voz chegasse aos ouvidos do povo, sempre haveria conversão, sempre haveria uma igreja e o testemunho de Jesus na terra permaneceria vivo: era preciso silenciá-lo.
João foi preso e levado para Roma, foi injustiçado em seu julgamento e por ordem do imperador romano Domiciano, foi lançado dentro de um caldeirão de óleo fervente. E quando seus acusadores pronunciaram as palavras: “Assim pereçam todos os que crêem nesse enganador, Jesus Cristo de Nazaré”, João declarou: “Meu Mestre Se submeteu pacientemente a tudo quanto Satanás e seus anjos puderam inventar para humilhá-lo e torturá-lo. Ele deu a vida para salvar ao mundo. Considero uma honra o ser-me permitido sofrer por Seu amor. Sou um homem pecador e fraco. Cristo era santo, inocente, incontaminado. Não pecou nem se achou engano em Sua boca.”
Ao ouvirem essas palavras, os mesmos homens que o atiraram no caldeirão, o retiraram, sem nenhuma queimadura. Como não conseguiram calar sua voz, mandaram-lhe para Patmos, que havia sido escolhida, pelo governo romano, como lugar para banimento de criminosos, pensando que ali ele morreria pelas privações e sofrimentos.
O exemplo de João nos fala sobre como o inferno tem tentado calar a voz de uma geração. Como muitos de nós, profetas de Deus para este mundo, têm sido lançados no óleo quente.
Mas o pior de tudo é que em lugar de reafirmarmos nossa fé e ficarmos firmes naquilo que o Senhor tem nos dado, cedemos porque temos medo da rejeição, temos medo de sermos excluídos do grupo, de perdermos o conforto de nossa vidinha muitas vezes confortável e desregrada, de uma espiritualidade vazia e descompromissada.
Uma vida que não nos obriga a mudarmos de postura, que não pede sacrifícios, que não nos exige renúncia. Fazemos nosso próprio Cristianismo, escolhemos nossa própria relação de pecados, selecionamos passagens de nossa própria Bíblia e temos sempre uma justificativa para nos livrar de qualquer culpa.
Preferimos a mediocridade de uma vida espiritual fútil, que satisfaz aos homens e suas tradições mas não agrada a Deus. Vivemos muito mais preocupados com nosso bem-estar social, com nossa aparência pessoal, com nosso status no meio da "tchurma", do que com o nosso testemunho cristão, com nossas vestes espirituais, com nossa posição diante de Deus, como profetas e sacerdotes de uma geração escolhida para vencer os desafios deste tempo e anunciar ao mundo que Jesus Cristo é o Senhor e breve virá.
Preferimos ceder, fazer acordos com Satanás, do que ir para Patmos, que nos expor à dor de carregar a cruz, à solidão provocada pela santidade em um mundo sujo e fedorento de tanto pecado.
Preferimos ouvir as falsas promessas de animadores de igreja, do que as verdades que vem impactar nossa vida, proferidas por um João Batista levantado por Deus.
Preferimos viver em Laodicéia com sua abastança, suas luzes, seu descompromisso, do que viver uma aliança com o Senhor em Patmos.
Patmos é o lugar do exílio, da perseguição, da crítica, dos ataques, do sacrifício, da dor e do sofrimento. Mas também é o lugar da vitória, da paz, da revelação, da adoração, da manifestação da graça e da glória.
Patmos é o lugar onde Deus transforma os escravos em seres livres para adorá-Lo.
Patmos é o lugar onde o Senhor muda nossas perspectivas, abre nossos olhos espirituais, nos chama para perto de Sí, renova as forças do que está cansado e dá vigor aos exaustos.
Patmos aos olhos do mundo e daqueles que estão cegos dentro da igreja, é um lugar deserto, sem água, sem pão, sem esperança e sem vida.
Na verdade, Patmos é um lugar de encontro com o Senhor. E onde o Senhor está, há uma fonte jorrando para saciar nossa sede, sua palavra nos alimenta, temos a mais viva esperança, temos vida em abundância.
Patmos, é um lugar para os que não se importam com o exílio, mas querem morrer para si e para o mundo. Preferem a solidão dos altos montes do Senhor, a viver o burburinho das multidões da carnalidade e do descompromisso. É o lugar para os que estão no vale, como montes de ossos secos, mas desejam o sopro do Espírito, para voltarem a viver.
Patmos é o lugar do exílio, mas também é o lugar da glória.

Um comentário:

Cláudio Muniz disse...

Bela reflexão, a moradia eterna já esta construida, pois o nome daquele que Nele crê está escrito no livro da verdade. Que o Senhor continue a derramar bençãos em tua vida.

Paz e Graça

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