"Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração. Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá."
Salmo 37.4,5 (NVI)
Vivemos em um tempo onde o sucesso de uma pessoa é medido pela posição que ocupa, pelo cargo que exerce, pelo emprego que possui, pelo quanto ela possui em sua conta bancária, pela quantidade de bens que adquiriu ou pelo quanto ela é conhecida.
E vivemos debaixo de cobranças, mesmo por aqueles que dizem nos amar, porque de uma forma ou de outra, querem nos ver bem, e bem, pelo conceito desse mundo, é ser bem sucedido materialmente.
Ouvimos tantas coisas, desde a infância, acerca de ser bem posicionado, que acabamos alimentando sentimentos em nosso coração, como inveja, desânimo, desejo de ser igual a outros que estão em franca oposição aos princípios divinos e que, aparentemente, prosperaram. E o que é pior, esquecendo daquilo que as Escrituras nos ensinam sobre o assunto, muitos se embaraçam com negócios desta vida, se perdem, se desviam, se machucam.
Quando olhamos para a vida de algumas pessoas que não conhecem a Jesus, não servem ao Senhor, muito pelo contrário, gastam sua vida em impiedade, torpezas e até se apropriando daquilo que não é seu e comparamos com a nossa, dizemos: "eles são ricos mas a qualquer momento podem ser presos, são indignos, são ladrões, são maus." E aí, vem um pensamento mesquinho, com gostinho de vingança, e começamos a dizer: "é eles vão para o inferno, esse bando de pecadores!". Nem nos preocupamos em orar por essas pessoas, porque estamos na verdade invejando o que eles tem, apesar de não serem crentes.
Todavia, é necessário perceber que muitas dessas pessoas, privilegiadas materialmente, construíram seu patrimônio com trabalho honesto, lutando. Nós as admiramos, achamos bonita a história de vida delas, mas ficamos questionando: "Deus, eles não são crentes, mas prosperaram. Por que isso não acontece comigo que sou teu servo? Eu estudo tanto, eu trabalho tanto, eu frequento a igreja, vou à escola dominical, sou dizimista, frequento até o círculo de oração e não consigo ter um carro novo, vivo no vermelho no banco, não sou aprovado no vestibular, não passo férias nem no interior do Estado e estou solteiro(a) atá agora. POR QUE?"
Pensamos e agimos como Asafe descreve: "Assim são os ímpios; sempre despreocupados, aumentam suas riquezas. Certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência, pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado" (Sl 73.12-14).
Isso é classificado por Davi no Salmo 37, versículo 1, como "inveja dos que praticam a iniquidade". E esse é um sentimento terrível porque nos iguala, nos arrasta ao mesmo nível daqueles que vivem sem Deus. Nos faz desejar ser como eles, viver como eles. Nos faz duvidar do amor, da misericórdia e da bondade do Senhor. Nos faz esquecer de sua promessas e de seus planos para nossa vida.
Asafe afirma que quase seus pés tropeçaram e que por pouco não caiu, porque teve inveja dos arrogantes, quando viu a prosperidade dos ímpios (Sl 73.2,3) e, no versículo 16 do mesmo Salmo, ele diz que embora tentasse entender aquela situação, era muito difícil de compreender. E sempre será difícil para nós compreendermos se ficarmos presos à nossa lógica, à matemática humana, pois sempre achamos que o Senhor tem a obrigação de responder nossa "boa conduta cristã", nossa frequência aos cultos, aos demais trabalhos da igreja e até nossos dízimos e ofertas com bençãos.
Não podemos tratar nosso relacionamento com o Senhor como uma barganha, onde eu faço isso ou aquilo e Ele tem que corresponder com aquilo que eu quero ou espero. À semelhança do casamento, nossa relação com Deus não deve ser a de um contrato, mas a de uma aliança, onde somos plenamente submissos a Ele, por amor, e recebemos amor incondicional, ainda que não mereçamos.
Nosso questionamento acerca das bençãos que acreditamos ter direito, e, por vezes, não recebidas, é muito semelhante à interrogação do filho que permaneceu na casa do pai, diante daquilo que foi ofertado ao filho pródigo: "por que ele que desperdiça tudo no mundo com coisas que não te agradam, tem direito ao bezerro cevado, enquanto eu que trabalho na tua seara nunca tenho direito a nada?" Isso ocorre porque não entendemos o que realmente é precioso para nossa vida.
Contudo, Asafe mudou sua perspectiva acerca dessa questão, quando entrou no santuário de Deus (Sl 73.17). Então, passou a compreender o destino dos ímpios e, como ele afirma nos versículos 21 e 22, pode ver que no momento em que alimantava amargura no seu coração e sentia inveja dos ímpios, estava agindo de forma insensata, ignorante, como se fosse um animal irracional.
É preciso saír dessa posição de questionamento, para viver uma nova perspectiva de vida. E o primeiro passo é entrar no santuário de Deus. Não no santuário terreno, arquitetado e construído por homens, mas na presença do Altíssimo, em uma dimensão onde só a fé, a santidade e o temor podem nos fazer penetrar.
No Salmo 37, versículo 4, o convite de Davi é nos deleitar no Senhor e entregarmos tudo o que somos, temos e fazemos a Ele. Todavia, deleitar-se em alguém e entregar a essa pessoa nossa vida, só é possível quando a conhecemos bem, ou seja, temos completa intimidade, um tipo de relacionamento que, na terra, só se pode desfrutar no casamento. Assim, precisamos conhecer melhor o Senhor e isso requer conversar com Ele, ter experiências com Ele, seguir suas normas, permitir que Ele se apresente a nós, sem restrições, sem medos e sem limites.
Entregar-se a Ele significa submeter tudo a Ele: nossa vida, nossa família, nosso trabalho, nossos estudos, nossos bens e talentos. Significa confiar que Ele pode cuidar de nós melhor do que nós mesmos poderíamos fazer. Significa crer que o Seu plano é o melhor, o Seu caminho é o mais seguro, o Seu modo de agir é o mais correto e que, mesmo que alguma coisa me pareça ter fracassado, mesmo que eu pense que algo não deu certo, Ele ainda tem o controle de tudo.
Entregar-se a Ele é permitir que Ele seja Deus em nossas vidas.
Devemos deixar a prosperidade do ímpio de lado, e nos preocupar com nosso verdadeiro tesouro. No Evangelho segundo Mateus 13.44-46 encontramos as parábolas do tesouro escondido e da pérola de grande valor. O que percebemos é que tanto o homem que achou o tesouro escondido, quanto o homem que achou a pérola valiosa, ambos venderam tudo o que tinham e compraram, um o campo onde estava o tesouro, o outro, a perola. Isso implica em aparente perda.
Se queremos ganhas os tesouros que o Senhor tem reservado para nós, precisamos ter uma postura diferente do jovem rico, que cumpria os mandamentos mas não tinha coragem de abir mão daquilo que possuía. O apóstolo Paulo afirmou em sua carta aos Filipenses 3.7,8: "Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda, por causa de Cristo; mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo."
Assim possamos nós reconhecer e declarar como Asafe: "A quem tenho eu nos céus senão a ti? E na terra nada mais desejo além de estar junto de ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre." (Sl73.25,26).
Entreguemos a Ele o nosso caminho, confiemos nele, estejamos em suas mãos e Ele tudo fará.
Assim são os ímpios; sempre despreocupados, aumentam suas riquezas.
Certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência,
pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado.
Salmos 73:12-14
Certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência,
pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado.
Salmos 73:12-14
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